Casa de Prostituição Anaïs Nin, peça inspirada na vida e na obra da escritora francesa, marca minha estreia como dramaturgo. Dirigida por Ticiana Studart, a peça fica nove meses em cartaz, nos teatros João Caetano e Cândido Mendes, no Rio de Janeiro. Depois de escrever o texto, o que mais me marca nessa primeira experiência com o teatro é poder acompanhar os ensaios, ver cada personagem sair do papel para ganhar vida no palco.

Como autor e como criança, fico fascinado pelo processo de criação do espetáculo: a generosidade e entrega dos atores, a concepção do cenário, a montagem da luz, a escolha do figurino, a dedicação dos técnicos, o corre-corre de quem produz. E, é claro, o olhar acurado da direção, que traz elementos novos e impensados para a compreensão da trama. Tudo envolve, tudo encanta, tudo ensina. E de repente, feito passe de mágica, toca o terceiro sinal. O coração bate forte. Abrem-se as cortinas!

Escrevo o texto de Ressurreição Brasil (foto abaixo), vencedor do Festival Nacional de Curta-Metragens, da CNBB. Além do prêmio, o filme ganha elogios do presidente da República, Itamar Franco, em carta destinada ao diretor Marcelo Taranto. Crio o poema em cima das imagens já editadas. Inspirado pelo que vejo na tela, com cronômetro na mão, vou elaborando a fala que será, posteriormente, inserida com locução em off da atriz Esther Góes. O filme é uma homenagem a Chico Mendes e a todos os brasileiros vítimas da violência e do descaso.


Daqui vamos para 1997, ano em que estreia a minha peça “Coração na Boca”.